Iniciou a carreira de árbitro há 17 anos e é hoje o primeiro árbitro da AF Guarda no quadro de árbitro assistente da FIFA. A par desta distinção, Paulo Brás é cada vez mais presença assídua nos grandes jogos nacionais, como aconteceu ontem, no jogo Sporting CP - Gil Vicente a contar para a Liga NOS. O futuro vai ser feito de muito “trabalho e foco” sem nunca esquecer o caminho que o trouxe até aqui.


1-     Paulo, como surgiu o seu interesse na arbitragem? E porque decidiu ser árbitro?

A arbitragem surgiu pelo gosto no desporto e pela falta de soluções na passagem de júnior para sénior. A decisão de ser árbitro veio da influência, extremamente importante, do meu irmão.

2-     Conte-nos o seu percurso como árbitro?

O meu percurso teve início com o curso de árbitro em 2003 permanecendo 4 anos como árbitro distrital, onde fiz alguns jogos como Árbitro Assistente (AA) nas competições Nacionais com Luis Brás. Em 2007 subi à antiga 3ª categoria tendo em 2011 conseguido o 1º lugar nesse quadro. Permaneci 2 épocas na 2ª categoria e após uma época menos conseguida e com a exclusão da 3ª categoria desci aos quadros distritais. Época 2013/2014 fui convidado pelo árbitro Renato Gonçalves para a sua equipa e começo um novo percurso com AA. Em 2015 subi ao quadro de 1ª Categoria dos AA e em 2020 fui promovido ao quadro FIFA de árbitros assistentes. 

3-     Como era ser árbitro no distrital? Lembra-se de alguma história mais marcante?

Ser árbitro das competições distritais são momentos que recordo com muita alegria e saudade. Momentos marcados pelas ambições, derrotas, medos, desconhecimento, aprendizagem, crescimento, mas sobretudo amizades.

4-     Como foi chegar à arbitragem nacional?

Foi um percurso difícil, porque antigamente ser árbitro em distritos do interior era muito complicado. Difícil porque a informação não chegava, difícil porque a formação era insuficiente e porque tínhamos poucos árbitros e formadores que nos ajudassem a crescer como acontecia nas associações com mais árbitros e mais formadores.

5-     No início deste ano, recebeu a nomeação de árbitro-assistente internacional. Como recebeu esta promoção?

Reconheço que com alguma surpresa, mas com enorme felicidade. Admiração, porque tinha noção que estava ainda num momento de aprendizagem e evolução, mas principalmente porque existiam outros árbitros assistentes mais competentes/experientes.  Felicidade porque era algo que a arbitragem Egitaniense já merecia pela forma competente, organizada e determinada que ao longo dos últimos anos vinha a trabalhar. 

6-     Ser o primeiro árbitro da AF Guarda com esta distinção, é uma responsabilidade acrescida?

Esta distinção foi uma vitória para todos nós. Naturalmente quando a Federação Portuguesa de Futebol indicou o Paulo da AFGuarda para representar Portugal em competições internacionais a responsabilidade aumentou e obrigatoriamente existiu uma reformulação de alguns aspetos que visam ter uma melhor performance para ir de encontro às expetativas. 

7-     Quais foram as maiores dificuldades que sentiu ao longo da sua carreira?

Inicialmente a falta de informação, de um centro de treinos e em alguns momentos falta de acompanhamento. Atualmente a falta de tempo para trabalhar mais e melhor.

8-     Que conselho gostaria de deixar para quem esta agora a iniciar a carreira de árbitros, ou para aqueles que ambicionam chegar a patamares nacionais e internacionais na sua carreira?

Ter ambição por querer saber mais e não ter medo ou vergonha de colocar as dúvidas, porque só assim é que irão conseguir evoluir. Em patamares mais elevados para além da ambição é importante ter coragem, determinação, dedicação e muita resiliência, porque os erros vão aparecer, as dificuldades também e só iremos fazer a diferença se transformamos as dificuldades em desafios.

9-     Quais são as perspetivas para a sua carreira de árbitro?

A perspetiva é trabalhar mais e melhor em cada treino e acertar mais em cada jogo. Estes são os aspetos que nós controlamos. Nesse sentido, o foco, será apenas tentar todos os dias ser melhor.